Quem Lê, Viaja.
Grupo: Diga How
Magú, John, Part. Preto
(Radicalibres)
Mundos e mais mundos se revelam quando eu leio
Da vastidão do meu planeta até o planeta vermelho
Eu atiro-me à leitura atrás de novas aventuras
Lendo eu livro a mente da eterna clausura
Agora já era, já acendi o estopim
Quando começo ler eu não paro até o fim
Buscando o Graal remetente à idade média
A pedra filosofal ta entre os livros, não na tela
Imagens se formando em minha cabeça gradualmente
Brilhante é o universo e eu mergulho profundamente
Fazer cristalizar, purificar o entendimento
Criar a longo prazo seu auto conhecimento
Mas quem disse que a leitura não influi na nossa ideia?
Nela é que repousa a verdadeira epopeia
Entre livros e papéis, placas, fichas e cartazes
Lendo é que eu encontro o verdadeiro oásis
CULTURA que não acaba, escrita em linhas infinitas
Às vezes um bom LIVRO tem uma capa esquisita
Não pare para julgar, cê tem que ler tudo que ver
Porque incentivo à LEITURA cê não acha na tv
REFRÃO: Percorrer com os olhos, conhecer
Interpretar, estudar, decifrar, perceber
Preparar suas malas, você já pode embarcar
Com o seu livro na mão a viagem vai começar
O que eu posso dizer se a viagem é longa?
Não tô curtindo lombra, nem falando de maconha
Acontece que é melhor a gente perceber
E interpretar essas palavras como bem quiser
Cê vai na fé do DF até o Egito antigo
Como veículo apenas as páginas de um LIVRO
Tem aventura e perigo, tem poesia e terror
Tem autoajuda, comédia e também histórias de AMOR
Seja como for, ler é importante
Conhecimento oferecido que te torna gigante
É bem melhor do que mascar com os olhos a TV
Você não vê o poder que ela tem sobre você
Conta mentiras pregando a cultura Pop
Sempre de olho ligado nos pontos do IBOPE
Mas se liga, tem gente que só escreve besteira
Tem que sempre contestar, procurar se informar
O POVO brasileiro não enxerga onde está
O erro mortal, com cara de banal
Investir em vigilância faz educação pro mal
Formando a cada dia infratores do código penal
REFRÃO: Percorrer com os olhos, conhecer
Interpretar, estudar, decifrar, perceber
Preparar suas malas, você já pode embarcar
Com o seu livro na mão a viagem vai começar
Passaporte carimbado, já embarquei nessa ideia
Passei por mil galáxias sentado numa cadeira
É incrível conhecer vários lugares assim
Sem sair do lugar, tipo estático, enfim
Fantástico mundo não canso de explorar
Quem lê, viaja li isso em algum lugar
Deixa pra lá, continuo a unir os elos
Próximo LIVRO da estante é um do Caco Barcelos
Aprendendo, lendo, sabendo que pouco sei
Tem nada não, a viagem é longa e eu tô com Deus: amém
Nem vem que não tem, navegar é preciso
Viver também é preciso, registro aqui meu sorriso
Idealizo pra todos um melhor mundo um dia
Respeita meu sonho, sem essa de utopia
Traía os meus princípios fugindo da ?reali?
Dádiva do Senhor que eu abracei com AMOR
AMOR pela vida, a minha e dos meus iguais
Preciso me informar pra traçar meus ideais
Ler é importante, tente entender a mensagem
Com a cabeça vazia cê nem começa a viagem
REFRÃO: Percorrer com os olhos, conhecer
Interpretar, estudar, decifrar, perceber
Preparar suas malas, você já pode embarcar
Com o seu livro na mão a viagem vai começar
Vamo lá, se agiliza, não entendeu o recado?
Então saiba que a dúvida é mãe do aprendizado
Tem muita coisa pra ler, pra descobrir, entender
O universo é gigante, milhões de páginas tem
O que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano
E é de leitura em leitura que eu vou me alimentando
A vida é um livro aberto pra quem sabe ler
A fórmula infinita do eterno saber
Garcia Marques na mente, Cem anos de solidão
Tocando as páginas pra frente é mó viagem, ladrão
Valeu Thiago Recruta, Diário de um migrante
Poesia que comove e enriquece a estante
Alguns parceiros que não leram por falta de opção
Se não estão no caixão, tão mofando na prisão
Ou então no mundão, viajando na escuridão
Informação alivia e livra da perdição
E aí irmão sangue bom? Se prepare pra missão
Nunca pare de ler, entenda isso tá bom?
Um mundo livre te espera, basta se conscientizar
Então compre sua passagem e vem também viajar!
REFRÃO 2x: Percorrer com os olhos, conhecer
Interpretar, estudar, decifrar, perceber
Preparar suas malas, você já pode embarcar
Com o seu livro na mão a viagem vai começar
“Sempre imaginei
que o paraíso fosse uma espécie de livraria.”
(Jorge Luis Borges)
Conto de mistério
Com a gola do paletó levantada e a aba
do chapéu abaixada, caminhando pelos cantos escuros, era quase impossível a
qualquer pessoa que cruzasse com ele ver seu rosto. No local combinado, parou e
fez o sinal que tinham já estipulado à guisa de senha. Parou debaixo do poste,
acendeu um cigarro e soltou a fumaça em três baforadas compassadas.
Imediatamente um sujeito mal-encarado, que se encontrava no café em frente,
ajeitou a gravata e cuspiu de banda.
Era aquele. Atravessou cautelosamente a
rua, entrou no café e pediu um guaraná. O outro sorriu e se aproximou:
Siga-me! - foi a ordem dada com voz
cava. Deu apenas um gole no guaraná e saiu. O outro entrou num beco úmido e mal
iluminado e ele - a uma distância de uns dez a doze passos - entrou também.
Ali parecia não haver ninguém. O
silêncio era sepulcral. Mas o homem que ia na frente olhou em volta,
certificou-se de que não havia ninguém de tocaia e bateu numa janela. Logo uma
dobradiça gemeu e a porta abriu-se discretamente.
Entraram os dois e deram numa sala
pequena e enfumaçada onde, no centro, via-se uma mesa cheia de pequenos
pacotes. Por trás dela um sujeito de barba crescida, roupas humildes e ar de
agricultor parecia ter medo do que ia fazer. Não hesitou - porém - quando o
homem que entrara na frente apontou para o que entrara em seguida e disse:
"É este".
O que estava por trás da mesa pegou um
dos pacotes e entregou ao que falara. Este passou o pacote para o outro e
perguntou se trouxera o dinheiro. Um aceno de cabeça foi a resposta. Enfiou a
mão no bolso, tirou um bolo de notas e entregou ao parceiro. Depois se virou
para sair. O que entrara com ele disse que ficaria ali.
Saiu então sozinho, caminhando rente às
paredes do beco. Quando alcançou uma rua mais clara, assoviou para um táxi que
passava e mandou tocar a toda pressa para determinado endereço. O motorista
obedeceu e, meia hora depois, entrava em casa a berrar para a mulher:
- Julieta! Ó Julieta... consegui.
A mulher veio lá de dentro enxugando as
mãos em um avental, a sorrir de felicidade. O marido colocou o pacote sobre a
mesa, num ar triunfal. Ela abriu o pacote e verificou que o marido conseguira
mesmo. Ali estava: um quilo de feijão.
Sérgio Porto -
Stanislaw Ponte Preta
“A leitura é
um fetiche nacional. Atribuímos grande importância à leitura. Desde que sejam os outros a
ler.”
(Diogo Mainardi)
LEITURA
"não é convite pra o
sono,
Nem jujo pra solidão
O livro parece um sábio
Que aberto alonga a visão...
Estrada que a alma cruza
Sem nos deixar ir embora,
Janela onde a claridade
Não vem do lado de fora...
Ao mesmo tempo que lê
A gente pode ser lido,
Em um suspiro mais longo
E até no cenho franzido,
Num verso que cria asas
Nos traços de uma gravura,
Por vezes o pensamento
Também permite leitura!
"tá" no idioma dos potros
No faro dos rastreadores
Na entrega das partituras
Aos dedos dos tocadores...
Na mão que serve de guia.
Nos olhos que são ouvidos...
Quem lê o mundo em sinais
Sabe a razão dos sentidos...
Penso que o livro fechado
É a boca implorando voz
Igual aos sonhos da infância
Que se extraviaram de nós
E as folhas amareladas
Denotam a preferência:
A própria vida se engana
Ao ler pelas aparências...
Mais certa que a voz do rádio
É a previsão do homem rude
Sabe se chove ou se venta
Bem antes que o tempo mude
Sempre é tempo de aprender
Seja qual for a leitura...
Riqueza que ninguém perde
A vida chama cultura!!"
Nem jujo pra solidão
O livro parece um sábio
Que aberto alonga a visão...
Estrada que a alma cruza
Sem nos deixar ir embora,
Janela onde a claridade
Não vem do lado de fora...
Ao mesmo tempo que lê
A gente pode ser lido,
Em um suspiro mais longo
E até no cenho franzido,
Num verso que cria asas
Nos traços de uma gravura,
Por vezes o pensamento
Também permite leitura!
"tá" no idioma dos potros
No faro dos rastreadores
Na entrega das partituras
Aos dedos dos tocadores...
Na mão que serve de guia.
Nos olhos que são ouvidos...
Quem lê o mundo em sinais
Sabe a razão dos sentidos...
Penso que o livro fechado
É a boca implorando voz
Igual aos sonhos da infância
Que se extraviaram de nós
E as folhas amareladas
Denotam a preferência:
A própria vida se engana
Ao ler pelas aparências...
Mais certa que a voz do rádio
É a previsão do homem rude
Sabe se chove ou se venta
Bem antes que o tempo mude
Sempre é tempo de aprender
Seja qual for a leitura...
Riqueza que ninguém perde
A vida chama cultura!!"
“Pessoas que não leem
são pessoas vazias e subnutridas de conhecimento
que estão presas no cárcere da escuridão
pelas
algemas da ignorância, tornando-se servas.”
(Ginete Cavalcante Nunes)
Soneto de Fidelidade
Vinicius de Moraes
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinicius de Moraes, "Antologia Poética", Editora do Autor, Rio de Janeiro, 1960, pág. 96.
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